09 dezembro 2020

Entrevistando a autora - Camila Pelegrini fala sobre Era uma vez Catarina...

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Que felicidade voltar aqui trazendo mais uma entrevista com a Ca. Se você já me acompanha deve estar, inclusive, cansado de tantas entrevistas que eu trago com essa linda, mas não ligo de estarem cansados, desculpem haha. Eu sou apaixonada no trabalho dela e a exaltarei mesmo. Sem mais enrolação, vamos a entrevista.

 

VePeB- Novamente é uma grande honra poder conversar com você sobre mais um livro lançado. Começamos com as perguntas de praxe. Como surgiu a ideia para Era uma vez Catarina?

CP- Super alegria estar de volta contigo <3

A ideia surgiu depois de uma vida inteira ouvindo e assistindo a homens reduzindo reclamações e reivindicações feitas por mulheres. Fiz um exercício de imaginar como seria se determinadas situações a que estamos submetidas no cotidiano acontecessem com eles. Minha intenção era contar uma história bem caricata, satírica, do jeito que meu coração mandasse.

 

VePeB- No livro, você aborda temas bastante presentes no nosso cotidiano, porém de forma distorcida, para que doa no outro lado da população. Você acredita que a parcela masculina de leitores do livro vão captar a mensagem que essa inversão de papéis trás?

CP- Eu acho que assim como acontece sempre que mulheres falam, serão outras mulheres a prestar atenção. E já é muito válido, caso pra elas faça sentido o reconhecimento de sua luta. Em muitas ocasiões, ter um ambiente acolhedor ajuda mais do que imaginamos (e espero que meu livro seja esse ambiente também!).

No entanto, tenho sim leitores – homens – e torço para que a história os faça refletir e compreender um aspecto mínimo do que é ser mulher em uma sociedade machista e patriarcal.

 

VePeB- Cauã, nosso querido jornalista, protagoniza uma história de coragem, inseguranças e descobertas, sendo seu primeiro protagonista masculino (em romances solos). Como foi criar esse personagem?

CP- Foi bastante desafiador. Ele carrega lutas que nos são familiares (enquanto mulheres), mas foi necessário fazer uma inversão de razões. Se hoje a suposta razão masculina é força, precisei tratá-la como vulnerabilidade.

Fiz questão de não afastar estereótipos, só os apliquei de outra forma. Senti um nó na cabeça em diversos momentos, confesso haha

 

VePeB- Era uma vez Catarina é seu quinto livro solo publicado e o primeiro a não ter nenhum animal presente. Foi proposital ou algo que simplesmente aconteceu?

CP- É verdade! Era uma vez Catarina tinha uma proposta muito específica, e eu pensei na história para ser algo linear, curto, ágil. Não achei que faria sentido inserir um animal se não fosse para trabalhá-lo (como costumo fazer) e lhe oferecer espaço e cenas suficientes.

 

VePeB- Rafa e Cauã tem uma incrível amizade, sem qualquer interesse sexual escondido um pelo outro. Você tem um amigo assim que lhe inspirou a escrever essa relação tão forte dos dois?

CP- Tenho esse amigo sim, o Italo!

Essa amizade é inspirada nele, embora o personagem em si seja inspirado em meu namorado, Rafael. Ele segura todas as barras, é meu suporte em todas as minhas lutas e sonhos.

 

VePeB- A história não é sobre feminismo, mas sim sobre femismo, oposto ao machismo. Caso tivéssemos o poder de fazer as coisas como Catarina fez, acredita que seria sobre igualdade ou ainda seria sobre a supremacia de um dos gêneros?

CP- Acho que estamos distantes demais de um cenário, mesmo hipotético, de mulheres oprimindo os homens. Temos uma luta histórica por igualdade, com homens em praticamente toda esfera de poder, e uma multidão de homens muito confortáveis em suas posições de privilégio. Não acho possível uma inversão como a presente no livro.

A conquista de direitos, espaço, oportunidade, voz e segurança segue sendo nossa prioridade.

 

VePeB- Em sua história, a questão de religião é bastante diferente do cristianismo que domina nosso ambiente. Você é uma pessoa religiosa? Em sua opinião, qual o papel da religião no mundo?

CP- Possuo muita fé, embora não tenha me encontrado em uma religião (não acredito que precisem estar ligadas).

Minha espiritualidade diz respeito ao que me coloca em um caminho de evolução, de crescimento e de paz. Que me faz olhar para o outro com carinho, de qualquer espécie, com acolhimento, com empatia e buscando compreensão. Que me faz perceber que estamos todos conectados, toda vida em um círculo perfeito.

Não conheço todas as religiões para falar a respeito em um pequeno espaço sem soar desrespeitosa, mas qualquer que seja, se não for orientada para esses princípios (amor, empatia, justiça, generosidade na prática, e não somente através de dogmas), não vejo o menor sentido.

 

VePeB- Esse é seu segundo livro solo lançado apenas em formato digital (até o momento). Como está sendo para você a publicação em formato e-book?

CP- Tenho gostado muito da experiência! Embora eu também seja apaixonada pelo livro, formato papel, seu cheiro e toque, é inegável a praticidade do formato.

Menos custoso, mais acessível em termos de preço, e me ajuda a ter em mente que a essência de um livro é, e sempre deve ser, sua história.

 

VePeB- Quais foram os maiores desafios ao escrever esse livro?

CP- Foi um desafio em relação a tudo o que eu conheço. Para começar, em razão da maneira como foi construído. Não quis planejar, tentei a experiência de pura inspiração, coração e fluxo de consciência, o que é muito diferente de como costumo produzir.

Além disso, a própria história em si. Toda a inversão exigiu bastante de mim, mas admito que também me diverti muito no processo! 

 

VePeB- Você considera Era uma vez Catarina como uma distopia?

CP- Vou e volto nessa reflexão hahaha mas creio que sim. Existe uma opressão, um tanto mais sutil do que costumamos ver em outras histórias, estratificação social, desigualdade e autoritarismo.

Quase como nosso país atualmente haha

 

VePeB- Eu tenho a honra de te acompanhar desde o lançamento de Sombras do Medo. Vem novidade por ai? Pode dar um pequeno spoiler?

CP- Tenho alguns livros prontos, outros em processo de escrita e amadurecimento, mas honestamente não sei qual a próxima publicação ainda.

Sei, porém, que quero muito trazer Zoe de volta o mais rápido possível <3

Você é maravilhosa, e amo saber dessa nossa trajetória tão longa juntas, obrigada!

 

Vocês conseguem entender depois dessa entrevista porque eu amo esse ser humano? Gente, a Camila é incrível, sempre foi, desde nosso primeiro contato. Uma pessoa assim, olha... Maravilhosa, sem palavras para definir. Ca, novamente agradeço muito mesmo por ter se disponibilizado a tirar um tempinho para responder minhas perguntas. Você é uma querida e mal posso esperar para embarcar na próxima aventura. 


 
http://vidasempretoebranco.blogspot.com/p/anunciantes.html
 

2 comentários:

  1. AAhhhh, eu amei participar mais uma vez contigo! Suas perguntas sempre muito pertinentes. Obrigada pelo carinho, apoio e espaço de sempre <3

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amo tanto essas entrevistas. Acho que nunca me cansarei delas. Boa sorte haha

      Excluir

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