18 setembro 2019

Livro vs filme: O doador de memórias

|| ||

Mais um post de comparação entre livro e filme porque estou curtindo produzir esses conteúdos e vocês tem dado um feedback bacana.
Vamos lá.
Eu conheci a história do Doador de memórias pelo filme, que vi acho que no mesmo ano que lançou. Descobri que tinha livro quando, no final, falou que era baseado no livro homônimo. Mas eu só descobri se tratar de uma quadrilogia esse ano, quando resolvi que gostaria de o ler.
Mas agora vamos falar sobre a história.

A história...

Uma distopia que lhe mostra o preço de viver somente o presente, sem ter ideia do passado da humanidade.Se não sabemos sobre o passado, não temos como realmente escolher algo.
Após a ruína, o conselho decidiu que, para reconstruir a sociedade e torná-la realmente justa, deveriam abrir mão de memórias, emoções, clima, cores... Enfim. Eles criaram a Mesmice. Um medicamento diário (pílula no livro, injeção no filme) faz com que as emoções não sejam sentidas e todos vivam praticamente como robôs fazendo as mesmas coisas todos os dias.
"Calou-se e ficou pensando um instante. _Adquirimos controle sobre muitas coisas. Mas tivemos de abrir mão de outras."
Jonas é escolhido para a designação mais importante da sociedade na sua cerimônia dos Doze, a de recebedor de memórias. Como as memórias do passado do mundo (guerras, fome) foram apagadas, somente uma pessoa as têm e é seu dever passar para o próximo recebedor, para assim manter a memória dessas atrocidades para poder aconselhar quando necessário.
Ele tem novas instruções, entre elas uma que diz que ele pode mentir.
"E se os outros - os adultos -, ao se tornarem Dozes, recebessem nas instruções deles a mesma frase apavorante? E se todos tivessem recebido a instrução Você pode mentir?"
Jonas começa seu treinamento com o antigo Recebedor, que agora se torna o Doador já que escolheram o Jonas para recebê-las. Seu treinamento consiste em conversar com o Doador e também receber as memórias pelo toque (recebendo o toque nas costas no livro e toque nas mãos no filme).
Jonas descobre que possui algo que o Doador chama de Ver Além, o que permite que ele veja cores. Mais tarde ele descobre que o Doador pode Ouvir Além, que começou a se manifestar como pedaços de música que ele ouvia.
Quando Gabriel, um bebê que não está se desenvolvendo propriamente fica em sua casa, Jonas começa a perceber que as memórias podem fazer muito mais por sua comunidade do que os Anciões imaginam.
Depois de receber várias memórias e descobrir o que aconteceu com a Recebedora em treinamento antes dele, Jonas decide que é o momento de deixar a comunidade, libertar as memórias e assim ajudar aquelas pessoas a realmente viverem.

O livro...

Em O doador de memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína.
Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente.
Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.
Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.
No livro, Jonas acaba de completar 12 anos.  Na cerimônia dos 12 é revelado a ocupação que eles terão na Sociedade. Jonas tem um traço que o diferencia. Seus olhos são claros. Tudo na vida das pessoas dessa sociedade é programado. Eles não possuem escolha. Os Anciões, que seriam tipo o conselho, que escolhe qual será a Atribuição de cada pessoa, quem será o parceiro ideal, quais bebês serão dados para qual família... Cada residência tem um pai, uma mãe e dois filhos, um menino e uma menina. Esse é considerado o modelo ideal de família.
"Como seria possível alguém não se adaptar? A comunidade era tão meticulosamente organizada, as escolhas eram feitas com tanto cuidado!"
Nessa sociedade, ninguém tem sobrenome, ninguém sabe quem são seus pais biológicos, sua data de nascimento... Eles sabem qual foi a ordem de seu nascimento naquele ano, como nascimento 72 ou 98. Ninguém questiona essas coisas porque é o normal. Ser mãe biológica nessa Sociedade é considerado indigno. As mulheres tem dois ou três nascimentos e depois são realocadas para trabalhos mais pesados, trabalhos braçais.
É citado também a existência de outras Comunidades que vivem como eles. Eles tem uma mania irritante de sempre pedir desculpa por tudo e qualquer coisa. E como isso irrita. Mesmo entre as crianças, eles são bastante julgadores quando alguém age diferente. Por exemplo, em um passeio infantil de uma outra comunidade para a de Jonas, a sua irmã relata a estranheza das crianças de fora e como elas parecem agir errado. Quando você está acostumado a algo tão padronizado, qualquer coisa se torna bizarra.
"Não nos atrevemos a deixas as pessoas fazerem escolhas próprias."
Quando Jonas começa seu treinamento e passa a não tomar suas pílulas diárias, ele passa a sentir as coisas mais intensamente e passa a questionar o motivo das coisas serem como são. Sua relação com o doador se torna muito mais intensa e sincera do que é com seus "pais". Quando começa a receber as memórias e descobre que existe outra forma de viver, ele passa a questionar porque eles vivem assim... E ele só pode falar sobre isso com o Doador, já que suas regras o proíbem de dividir seu treinamento com alguém.
"A diferença mais notável eram os livros. Na residência de Jonas havia obras de referência iguais às que se encontravam em todas as casas: um dicionário e o grosso catálogo da comunidade contendo descrições de todos os escritórios, fábricas, construções e comitês. E o Livro de Regras, é claro. Os livros de sua casa eram os únicos que já tinham visto. Nunca soubera que existiam outros. Mas naquele lugar as paredes estavam completamente cobertas de estantes repletas, do chão ao teto."
Tá, aqui, os amigos dele Fiona e Asher tem quase nenhum destaque. São somente os amigos de infância e praticamente somem quando ele inicia seu treinamento. Fiona ainda aparece um pouco mais, já que ele precisa da ajuda dela visto que ela se torna uma Cuidadora. Asher, que sempre foi bastante desregrado, surpreende a todos ao se tornar Instrutor (tipo professor).
Achei o final meio estranho... Mas meio que faz sentido quando descobrimos que tem mais dois livros (ao menos lançado aqui. O quarto não foi traduzido). Tem muitas perguntas, já que não nos é explicado porque foi decidido viverem na mesmice, como as memórias ficam com uma só pessoa ou como ela é transferida do Doador pro Recebedor.
"Suas reflexões continuaram. Se tivesse ficado lá, teria morrido de outras fomes. Teria vivido uma vida com fome de sentimentos, de cores, de amor."
Do mais, é uma leitura bem bacana e rapidinha. É um livro relativamente curto e simples de se ler.

Ficha Técnica...

Título: O doador de memórias
Título original: The giver
Autora: Lois Lowry
Editora Arqueiro
192 páginas
Ano: 2014
Nota: 4
Nota no Skoob: 3.9




O filme... 

Ain... Vou ser sincera aqui.
Como livro funciona bem, como filme funciona bem. Mas como adaptação não funciona, ao menos não pra mim. Tem muitas diferenças. É tipo Percy Jackson e Eragon (que são adaptações que prefiro ignorar). O fato de Jonas ter uns 15 anos e não 12 também me incomoda. No livro, a ingenuidade dele faz sentido, faz sentido o Doador querer protegê-lo, mas no filme só fica estranho. A meu ver, só mudaram a idade deles para que pudesse rolar o romance do Jonas com a Fiona que, convenhamos, é meio que um desastre.
"As emoções são uma parte fundamental de tudo o que existe no meu mundo."
O elenco é bacana, tem Mery como a Anciã chefe, mas ela não faz grandes coisas pelo filme, a meu ver.
Acho bem legal o trabalho do pessoal da produção. O fato das cores irem se  revelando aos poucos, terem feito a Comunidade perfeitamente simétrica, terem incrementado o observador para que pudessem escorregar e aquele triângulo com água... Embora sejam mudanças e dificilmente eu apoio mudanças nas adaptações, tornou o filme mais atraente.
Sei que falando assim parece que eu odeio o filme, mas eu não o odeio. Só acho que não é uma boa adaptação. Já disse e repito que gostaria que as adaptações fossem feitas dando um exemplar pra cada ator e falando pra ele qual o papel dele e é isso, sem mudar nada.
O fato da Comunidade ficar meio que encoberta por nuvens é o que mais me irrita na adaptação. Tem tipo um precipício que os separa do restante do mundo que eles não conhecem.

Ficha Técnica do filme...

Lançamento:  11 de setembro de 2014
Duração: 1h37min
Direção: Phillip Noyce





Larissa na obra...

Se você estão chegando aqui, eu tenho um projeto paralelo de ler vários livros que tenham personagem Larissa e aqui temos.
No livro, Larissa é uma idosa que Jonas e Fiona ajudam a tomar banho no centro de cuidados aos idosos. Ela conta sobre a dispensa de um companheiro que ocorreu naquela tarde. Uma senhorinha doce.
 "Dispensa não era a mesma coisa que Perda."
No filme, aparece o nome Larissa quando estão entregando e nomeando os bebês para suas famílias.


Conclusões finais: Como eu disse, achei uma leitura bem legal. É um tipo diferente de distopia. É uma utopia que se tornou distopia. Prova que precisamos saber dos erros do passado para podermos ter escolha e escolher fazer o certo. É um livro infanto-juvenil, então não se aprofunda muito nas coisas, até porque o narrador é o Jonas e ele também não entende direito o que está acontecendo e porque.
Eu gostava mais do filme antes de ler o livro, fato. Quando o fui rever para fazer esse post, fiquei me perguntando porque mudaram tantas coisas. Sei que algumas coisas tem que ser adaptadas, mas foi demais.

Agora é a sua vez de participar. Me conta aqui se já leu ou viu o filme e o que achou da história. Essa troca que rola entre a gente me deixa felizona. Um beijo enorme a cada um e até a próxima.

http://vidasempretoebranco.blogspot.com/p/anunciantes.html

12 comentários:

  1. Eu sempre prefiro os livros porque nos filmes tem algumas mudanças que são necessárias, mas que não gosto.
    A história parece bem interessante e nos faz pensar o quanto é importante a gente olhar para o passado e saber o que aconteceu.
    Bjus!

    galerafashion.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Adriana
      Adaptações geralmente ficam meio qualquer coisa, mas tem adaptações maravilhosas também.
      Super mostra que o passado é quem dita como é nosso presente.
      Beijo

      Excluir
  2. Eu li o livro e vi o filme. Foi até uma das primeiras resenhas que fiz no blog, e como não tinha muita experiência, uma das mais criticadas também... rs
    Mas eu compartilho contigo que ão era necessário o romance entre Jonas e Fiona. Ela poderia ter seus 12 anos igual no livro, até seria mais plausível e fiel ao livro. Mas foi uma das poucas vezes em que curti mais o final do filme do que o final do livro. No livro, não sei se entendi bem a mensagem, mas ficou uma coisa sem sentido, enquanto que o filme trouxe mais emoção. Cada versão tem sua vantagem, mas no fundo, acho que a mensagem é a mesma: será que nossa salvação seria viver usando a Mesmice? Até onde saber de nosso passado nos é prejudicial? Será realmente prejudicial?
    Bjks!

    Mundinho da Hanna | Instagram

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Hanna
      Primeiras resenhas sempre são um lance, né? kkkkkkkkk
      O final do livro faz sentido quando lemos os outros livros, mas eu achei o final do filme bom. Eu acredito que nenhuma solução boa pode vir de tirar a escolha das pessoas.
      Beijos

      Excluir
  3. Oie.
    Eu sempre considero livros que se iniciam da utopia para virar uma utopia como meus favoritos em média. Até porque demonstra como as coisas podem dar errado. Eu ainda não li essa obra, mas pretendo, até porque gostei bastante do filme. Pelo visto vou amar a obra, que apresenta pontos sociais relevantes.
    Beijos.
    Blog: Fantástica Ficção

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Jessica
      Acho que nenhuma distopia começa com o intuito de ser uma distopia, né? O livro é bem gostoso de ler, mas não vá buscando nada muito intenso, afinal, é um infantojuvenil.
      Beijos

      Excluir
  4. Olá, Lary.
    Eu lembro que na época que lançou o livro eu fiquei querendo ler mas não consegui. Então um dia vi que estava passando o filme e assisti mas achei muito fraco. E mesmo com essas diferenças bem grandes entre um e outro eu não me interesso mais em ler ele.

    Prefácio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Sil
      Todo o direito de não querer ler a obra. O filme que me fez ter vontade de ler ele... Cada um gosta de alguma coisa e vou defender o seu direito de não querer lê-lo ;)

      Excluir
  5. Ah, sei bem como é gostar de uma adaptação como filme isolado porque como adaptação em si é pura decepção. Não sei pq Hollywood tem essa mania de envelhecer alguns protagonistas apenas para criar romances, será que não perceberam que fazer isso é enfiar o pé na jaca. Mas a premissa também nunca me encheu os olhos, acho que justamente por não ter curtido muito o filme.
    Ps: já adorei seu objetivo de ler livros com o nome Larissa. Nunca li nenhum ç.ç

    Abraço,
    Parágrafo Cult

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eles adoram enfiar romance onde não tem. Eu adoro um romance, mas tem obra que não tem nem sentido socar um romance lá só como apelo pro "público feminino".
      Xará querida. Tem um post aqui com várias indicações de livros com personagens Larissa. Bora dar uma olhada lá e ler uns títulos ;)
      Abraço

      Excluir
  6. Oi Lary!
    Adorei as comparações!
    Eu só assisti o filme e achei bem interessante essa coisa da utopia q virou uma distopia! E fiquei com vontade de ler o livro, mas dps q soube q eram 4 confesso q desanimei kkkk
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Carol
      Eles funcionam bem de forma independente. Se quiser ler só o primeiro, vai sem medo.
      Beijos

      Excluir

Quer conversar comigo? Me mande um e-mail: vidasempretoebrancocontato@gmail.com
♥ Chegou até aqui, não custa comentar ;)
♥ Se deixar o seu link clicável, eu vou retribuir seu comentário, pode ter certeza, da mesma forma que não deixar o link pode resultar em falta de retribuição;
♥ Se o seu comentário for: Adorei seu blog. Retribui? A resposta é NÃO;
♥ Não faça spam. Apagarei com certeza.
♥ Se tiver alguma dica, crítica ou o que for, pode deixá-la aqui, mas faça com jeitinho, sou sensível.
♥ Para saber o que respondi, ative a caixa de notificações de próximos comentários.
Cada comentário me deixa muito feliz.
Beijos de brigadeiro

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
© Vidas em Preto e Branco - 2015. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer conteúdo do blog.
Criado por: Marcy Moraes.
Tecnologia do Blogger.
imagem-logo