05 julho 2019

Resenha #168 - A livraria dos finais felizes

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Sara tem 28 anos e nunca saiu da Suécia — a não ser através dos (vários) livros que lê. Quando sua amiga Amy, uma senhora com quem troca livros pelo correio há anos, a convida para visitá-la na cidade de Broken Wheel, Iowa, Sara decide se aventurar. Mas ao chegar lá, descobre que Amy faleceu. Sara se vê desacompanhada na casa da amiga, em uma cidade muito pequena, e começa a pensar que talvez esse não seja o tipo de férias que havia planejado.Com o tempo, Sara descobre que não está sozinha. Nessa cidade isolada e antiga, estão todas as pessoas que ela conheceu através das cartas da amiga: o pobre George, a destemida Grace, a certinha Caroline e Tom, o amado sobrinho de Amy. Logo Sara percebe que Broken Wheel precisa desesperadamente de alguma aventura, um pouquinho de autoajuda e talvez uma pitada de romance. Resumindo: a cidade precisa de uma livraria.
Uma capa linda, um título chamativo e a vontade que sempre existiu em meu coração de ter minha própria livraria foram o suficiente para me fazer mergulhar nessa leitura.


A história

Um livro que fala sobre livros... Claro que eu precisava ler essa história. Li só pelo título e pela capa mesmo e encontrei um história incrível por dentro. Sara é uma europeia apaixonada por livros, que costumava trabalhar em uma livraria que acabou fechando. Quando sua amiga por correspondência a chama para ir aos EUA passar um tempo com ela, ela vai.
Chegando na pequena e esquecida cidade de Broken Wheel, ela descobre que sua adorada amiga acabou de falecer. Isso complica um poucos os planos, já que a ideia era que ela se hospedaria na casa dessa senhora. Como os habitantes de Broken Wheel sabiam do combinado, acabam deixando Sara ficar na casa.
"A placa era tão pequena que Sara achou que parecia estar quase pedindo desculpas pelo incômodo."
Inicialmente, todos acham Sara estranha, visto que a menina vive com um livro nas mãos, costume pouco cultuado entre seus moradores. Aos poucos, Sara vai conquistando um a um essas pessoas tão peculiares.
"Acho que somos práticos demais. É preciso ser sonhador para gostar de livros."
Tom, um rapaz muito turrão, não simpatiza com ela desde o primeiro contato que eles tem. Todos tentam juntar os dois, já que tem idades próximas e Tom nunca formou família. Ele é uma boa pessoa, mas não sabe se expressar muito bem.
"As pessoas são estranhas. Podem não estar nem um pouco interessadas em alguém, mas, no instante em que esse alguém pega um livro, é esse alguém que está sendo grosseiro."
Depois de descobrir que uma das lojas fechadas na pequena rua comercial da cidade pertencia a sua amiga, Sara consegue autorização para reformar a loja e vender livros por lá. Todos a desencorajam, já que acreditam que ninguém lerá livro algum, mas acaba que eles vão ficando curiosos e acabam mergulhando no maravilhoso mundo das letras.

As personagens

Sara é uma leitora voraz, apaixonada pelas letras e vive em um mundo particular seu. Tem um pouco de dificuldade para interagir, ao menos que seja com leitores ávidos.
Tom aparenta ser durão, mas é um bom rapaz que quer ajudar sua cidade, mesmo sem saber direito como o fazer.

Minha opinião

O livro é tão gostoso de ler que você se perde no tempo e passa a existir nas ruas de Broken Wheel, a conversar com seus moradores e a ajudar Sara com os problemas na casa e na livraria. Você se senta ao lado dela em uma das poltronas da livraria e passam a tarde toda lendo enquanto são observadas pelo vidro.
E nos apaixonamos por Tom. Talvez mais rápido do que pretendíamos, ou nem mesmo queríamos. Lutamos para não gostarmos dele, mas é uma tarefa quase impossível. Ele é durão e meio xarope, mas é só fachada pra esconder uma pessoa incrível.
Existem algumas personagens meio chatinhas na história, mas elas tem um motivo de existir no livro e isso faz valer a pena.
"Eles não era, conhecidos pela inteligência, mas Caroline não gostava de julgar as pessoas por coisas que não podiam controlar. Já havia pecados conscientes demais com que se preocupar."
O livro parece ser bem delicado, e é na maior parte do tempo, mas fala inclusive de abuso doméstico e tem a seguinte frase "[...]vagabundo que um dia batera na esposa com um pouco mais de força do que os outros podiam deixar passar.". Essa frase me marcou muito e me dá náuseas pensar que existe um limite de força que um homem "pode" bater em sua esposa sem causar desconforto nas pessoas. Ah, o livro fala sobre homossexualidade com leveza, tornando o assunto natural, como deveria ser.
Se você, em algum momento, já cogitou a ideia de ter sua própria livraria, esse livro vai fazer essa vontade ressurgir em seu coração, ao menos foi o que aconteceu comigo. Me peguei imaginando em como dividiria as prateleiras, como eu indicaria livros, como leria o dia todo... parece um sonho.
"De muitas formas, era a livraria dos sonhos de Sara. Especialmente porque todos os livros já haviam sido lidos. Livros que já haviam sido lidos eram os melhores."
A escrita da autora é muito leve e envolvente, os títulos dos capítulos são bem divertidos e a capa é maravilhosa, simples assim. O livro é cheio de indicações, referências e até trechos de outros livros, o que torna a leitura quase que uma caça ao tesouro literário.

Outras quotes

"Nossos críticos e educadores têm que que pedir muitas desculpas por fazer meninos verem histórias sobre rebelião, aventuras e palavrões como uma obrigação. Está me entendendo? O verdadeiro crime dessas listas não é deixar livros merecedores de fora, mas fazer as pessoas verem aventuras literárias fantásticas como um dever."
"Afinal, o próprio Jesus podia ser considerado um hippie de cabelos longos que havia deixado os pais para viajar com uma grande família coletiva."
"Para mim, o terrorismo ainda é a imagem de homens brancos, ativos na sociedade, parados diante do corpo queimado e linchado de um negro, felizes com o resultado do trabalho deles."
"[...]mas pessoas religiosas às vezes podiam ser um pouco sensíveis quanto o assunto eram seus profetas."
"Era chato pensar em livros como coisas que deveríamos ler só porque outras pessoas liam."
"Por que o fato de essas mulheres fortes e verdadeiras quererem ler sobre outras mulheres duronas é um problema?"
"Eu não poderia ler todos esses livros sozinha. Se outra pessoa comprar, então pelo menos eles vão ser apreciados. E, quando a gente ama um livro, quer compartilhar com os outros."
"Existe uma pessoa para cada livro. E um livro para cada pessoa."

Ficha Técnica

Título: A livraria dos finais felizes
Título original: The readers of Broken Wheel Recomeend
Autora: Katarina Bivald
Editora Suma de Letras
336 páginas
Ano 2016
Nota: 5
Nota no Skoob: 3.7

Concluindo: Uma leitura envolvente e carinhosa de muitas maneiras. Para os amantes de livros, é uma leitura quase que obrigatória. Se você já se perguntou como uma cidadezinha esquecida pelo tempo é ou pode ser, você irá descobrir aqui. Uma leitura simples, delicada e pra aquecer o coração.

Me conta se já leu esse livro lindinho e o que achou da leitura. Se ainda não leu, me fala se ele lhe interessou. Um beijo e até a próxima.


http://vidasempretoebranco.blogspot.com/p/anunciantes.html

6 comentários:

  1. Não conhecia esse livro, parece ser muito bom
    Beijos
    opsquerida.com.br
    instagram.com.br/siteopsquerida

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  2. ah como nao amar um livro sobre livros e livrarias né? adorei a indicação, com certeza vou procurar pra ler

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  3. Super me interessei. Me lembrou um pouco um filme da Netflix chamado "A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata" (que é inspirado no livro).

    Freebies Para Bloggers

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