Resenha #169 - Interferências

Combinando humor e romance, Connie Willis, ícone da ficção científica, entrega um livro envolvente sobre os perigos da tecnologia, do excesso nas redes sociais e... do amor. Em um futuro não muito distante, um simples procedimento cirúrgico é capaz de aumentar a empatia entre os casais, e ele está cada vez mais na moda. Por isso, Briddey Flannigan fica contente quando seu namorado, Trent, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem — a ideia é que eles desfrutem de uma conexão emocional ainda maior, e que o relacionamento fique ainda mais completo. Bem, essa é a ideia. Mas as coisas acabam não acontecendo como o planejado: Briddey acaba se conectando com outra pessoa, totalmente inesperada. Conforme a situação vai saindo do controle, Briddey percebe que nem sempre muita informação é o melhor, e que o amor — e a comunicação — são bem mais complicados do que ela esperava. Mais complicado do que ela esperava.“Um dos livros de ficção científica mais divertidos dos últimos anos.”— Locus “Um conto de fadas tecnológico extremamente divertido.” — BookPage.

Sabe aquele livro que você não dá nada pra ele no começo, mas acaba se apaixonando perdidamente pela história, pelos personagens e tudo o mais? Foi assim que me senti com Interferências.

A história

Se torna possível uma pequena cirurgia que possibilita a um casal se conectar emocionalmente. Quer dizer que, mesmos separados, um é capaz de sentir o que o outro está sentindo. Parece loucura pra você? Pra mim também, mas aparentemente Briddey acha okay seu namorado, de não tanto tempo e nem tão confiável, Trent, lhe pedir que eles façam o procedimento.

"_Um EED aumenta sua capacidade de se conectar emocionalmente com o seu parceiro.

_De se conectar emocionalmente? O que houve com beijar? O que houve com ficar?"

Logo o rumor se espalha na empresa onde ambos trabalham e a inveja começa rolar solta, junto com fofocas maldosas. De alguma forma, o burburinho chega a C. B., o nerd da empresa que trabalha no subsolo a maior parte do tempo. O rapaz, na melhor das intenções de alertar Briddey, pede que ela reconsidere e não faça o procedimento. Como Briddey não tem nenhum tipo de relação com ele, ignora sua dica completamente, assim como ignora os alertas de sua família quando ela fala sobre o EED.

"Se as pessoas realmente quisessem se comunicar, diriam a verdade, mas não é  que fazem."

Mesmo indo contra a maré e aos meus gritos insistentes que ela desista da maluquice, Briddey e Trent fazem o EED, mas, quando acorda, no lugar de ouvir ou sentir Trent, ela ouve a voz de outro homem. A partir desse momento, vamos ver e entender telepatia, ao menos a telepatia imaginada por essa autora.

As personagens

Briddey Flannigan é nossa protagonista ruiva, irlandesa, querida que tem a família mais sem noção da face da terra. Briddey só quer ser capaz de viver sua vida em paz, sem a interferência constantes de suas irmãs e sua tia.

C. B. é anjo em forma de gente. O querido companheiro de trabalho de Briddey acaba se tornando um grande amigo e seu único aliado em sua busca por entender o que está acontecendo com ela.

Trent, também conhecido como namorado pé no saco que não acrescenta nada a nossa heroína. Em vários momentos, Trent leva o troféu de babaca no ano, com louvor.

Minha opinião

O livro é tão envolvente que eu podia jurar que conhecia a Briddey e era amiga dela. As personagens e as situações foram tão bem montadas que se tornam críveis. Todos eles tem qualidades e defeitos. Eu adoro quando as personagens são assim, porque é muito fácil criarmos um personagem perfeito, mas um personagem crível, com qualidades e defeitos

"E você sabe para quem as pessoas mais mentem? Para si mesmas. São mestres absolutas na autoilusão."

Sabe quando você pensa que seria legal poder ouvir os pensamentos das pessoas? Esse livro vai fazer você nunca mais pensar isso. Briddey sofre pra aprender a lidar com essa nova habilidade não desejada de ouvir pensamentos alheios. Ela vai perceber que estar próxima a muitas pessoas pode ser excruciante.

"Talvez os esquizofrênicos não sejam insanos no início. Talvez eles simplesmente acabem assim por não saberem se as vozes que ouvem são de verdade ou não."

Minha única crítica ao livro é a explicação pra telepatia. Em minha opinião, a explicação não foi satisfatória o suficiente. Ficou meio perdido no meio do livro. Na verdade, acho que nem precisaria de uma explicação, mas já que ela escolheu dar uma, poderia fazer um pouco mais de sentido.

Outras quotes

"São apenas livros, Mary Clare. E você devia ficar feliz porque ela está lendo, e não pichando a escola ou ateando fogo em alguma coisa ou sendo recrutada por terroristas na internet."

"Nunca subestime o poder de um bom livro."

"Ler é um processo completamente diferente do pensamento comum. É mais rítmico e focado, e filtra todos os pensamentos externos. E, se há um número suficiente de pessoas lendo, [...] elas ficam na mesma frequência."

"_E por que você tem que salvar o Trent e a outra mulher? Eles são uns monstros!

_Mas nós não somos."

Ficha Técnica

Título: Interferências

Título original: Crosstalk

Autora Connie Willis 

Editora Suma

464 páginas

Ano 2018

No Skoob

Nota: 4

Nota no Skoob: 3.8

Compre o livro

Concluindo: Foi uma leitura muito divertida. Eu mergulhei nessa história e fiquei encantada com tudo o que aconteceu com nossos protagonistas. São situações hilariantes, pra quem vê, não pra quem as vive. A escrita é fluída e faz você se sentir próximo dos personagens.

Me conta se já conhecia esse livro e se já leu essa história, me fala o que achou. Um beijo e até a próxima.

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