13 fevereiro 2019

Resenha #155 - Imperfeitos

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Celestine North vive em uma sociedade que rejeita a imperfeição. Todos aqueles que praticam algum ato julgado como errado são marcados para sempre, rechaçados da comunidade, seres não merecedores de compaixão. 
Por isso, Celestine procura viver uma vida perfeita. Ela é um exemplo de filha e de irmã, é uma aluna excepcional, bem quista por todos do colégio, além do mais, ela namora Art Crevan, filho da autoridade máxima da cidade, o juiz Crevan.
Em meio a essa vida perfeita, Celestine se encontra em uma situação incomum, que a faz tomar uma decisão instintiva. Ela faz uma escolha que pode mudar o futuro dela e das pessoas a seu redor. 
Ela pode ser presa? Ela pode ser marcada? Ela poderá se tornar, do dia para a noite Imperfeita? 
Nesta distopia deslumbrante, a autora best-seller Cecelia Ahern retrata uma sociedade em que a perfeição é primordial e quem cometer qualquer ato falho será punido. A história de uma jovem que decide tomar uma posição que poderá custar-lhe tudo.

Pra um bom amante de distopia, esse livro é uma ótima pedida. Quem me acompanha aqui no blog há algum tempo, já sabe que eu sou uma grande apaixonada por distopia e sempre estou lendo algum livro do gênero. Eu peguei a dica desse em algum blog que hoje já não me recordo, mas ainda bem que me interessei pelo título.
Leia Entendendo gêneros literários - Distopias
Aqui acompanhamos Celestine, uma adolescente que faz de tudo para ser perfeita, mas estar fora dos holofotes. Onde vive, existem dois tipos que vivem a margem da sociedade: os criminosos e os Imperfeitos. Os criminosos ainda tem uma vida melhor que a dos Imperfeitos, visto que após cumprir sua pena eles voltam a viver normalmente em sociedade. Já os Imperfeitos, quando tomam alguma decisão ruim de acordo com a corte, isso lhes acompanha para o resto da vida, já que são marcados a ferro quente por sua imperfeição.
"Criminosos vão para a prisão, eles não têm nada a ver com o sistema jurídico dos Imperfeitos"
Um dia, a caminho da escola no ônibus, com seu namorado perfeito, Art, e sua irmã, Celestine presencia uma cena que faz com que se manifeste. Há um senhor tossindo muito no ônibus, um Imperfeito, e há duas senhoras nos acentos reservados aos Imperfeitos. Ao pedir que as senhoras cedam o espaço e ao ajudar o senhor, Celestine muda sua vida e de toda a sociedade para sempre. Em seu julgamento, muita coisa está em joga além de seu próprio futuro. Suas palavras podem determinar como essa sociedade funcionará daqui por diante.
"Meu preconceito me impressiona. Detestei o jeito como a mulher de muletas agiu com a Imperfeita quando esta sorriu para ela, mas ajo da mesma forma sem nem mesmo perceber."
Vamos lá. Antes do julgamento, Celestine é deixada em uma espécie de cela de vidro. Na cela ao lado da sua, está Carrick, um garoto com feições e atitudes de um guerreiro. E esse garoto, sem dizer palavra alguma a Celestine, somente julgando-a inicialmente, passa a dar forças a garota. Conforme Celestine vai mudando em suas opiniões, antes tão firmes, Carrick vai mostrando um certo respeito por ela. E aqui eu tenho que dizer que sou a maior fã do Carrick.
"Ele passara dezoito anos sofrendo lavagem cerebral constantemente, ouvindo que seus pais eram inúteis, que era melhor do que eles, só para procurá-los depois de solto. Seu amor não podia ser derrotado; ele venceu. Ele é ainda mais corajoso do que eu pensava. Ele é o soldado que eu acreditava ser."
Após ser julgada Imperfeita e ser marcada, toda a vida de Celestine muda, assim como a das pessoas a seu redor. A começar por Art, filho do juiz que condenou sua amada e passa a se esconder do pai e não pode mais encontrar com a sua garota perfeita. Não sou muito fã do Art. Acredito que ele poderia ter feito algo no ônibus para ajuda-la, para que Celestine não tivesse um destino tão horrendo como o que ela teve. Pelo menos a meu ver, se ele também tivesse se manifestado, não iam julgar a Celestine tão duramente quanto fizeram.
É um livro intenso, com pessoas repensando tudo aquilo que elas acreditavam e defendiam, com muita política envolvida, com romance, com amizade, com pessoas que se safam livremente assim como na vida real, com uma protagonista que se descobre forte e acaba entrando num fogo cruzado onde todos os lados querem usá-la como garota propaganda, cada lado pegando algumas de suas atitudes e falas para seu próprio benefício.
"Você não entendeu, Celestine, que nada disso tem a ver com você? Tem a ver com o futuro do país, tem a ver com garantir que líderes confiáveis, perfeitos, éticos e moralmente competentes tomem as decisões e nos levem a tempos prósperos. Você não entendeu isso?"
Celestine tem escolhas a fazer, e nenhuma delas leva a um caminho fácil. Sua vida foi revirada, seus segredos vasculhados, seus amigos e seu amor lhe foram tomados. A única pessoa que lhe deu forças no momento mais difícil de sua vida é quase que indetectável. A vida dessas guria não é nada fácil e eu sofri cada momento com ela.
O começo do livro é um tanto quanto lento. As coisas começam a acontecer mesmo durante o julgamento da Celestine e ai a história te prende de uma forma que é quase que impossível parar de ler. Eu terminei a história muito rápido. Rápido de mais para meu gosto. O livro terminou de uma forma muito aberta e eu espero que isso tenha sido proposital para aguardarmos uma continuação (editado: descobri que já tem continuação, mas ainda não chegou aqui no Brasil. Socorro). Eu preciso que a Celestine encontre o Carrick. Se ela não quiser ficar com ele, manda pra cá que a gente cuida dele com carinho.
Essa é, com certeza, uma das distopias mais intensas que eu já li. Indico com todas as forças que possuo que vocês leiam e, durante a leitura ou após ela, reflitam um pouco sobre a nossa sociedade e como nós "marcamos" as pessoas que julgamos imperfeitas.
Durante a maior parte do livro, Celestine não sabe mais em quem ela pode confiar e passamos por todo esse processo de desconfiança com ela, passando a duvidar de todos, nos ressentir com todos e desejar que isso tudo somente acabe, que deixem a menina em paz. Passar por toda essa enxurrada de emoções não é nada fácil, mesmo que sejam emoções que não são inicialmente nossas, elas se tornam nossas.
A escrita da autora é bem envolvente. Hoje li uma frase que se encaixa bem no que senti lendo o livro: "A melhor adaptação literária é aquela que a gente imagina enquanto lê o livro" e durante toda a leitura eu sentia como se estivesse assistindo a um bom filme, um filme envolvente.

Ficha Técnica...

Título: Imperfeitos
Título original: Flawed
Autora: Cecelia Ahern
Editora Novo Conceito
320 páginas
Ano 2016
Nota: 5
Nota no Skoob: 4.3



Concluindo: Uma das melhores distopias que já li. Uma coisa que sempre me incomoda nas distopias é quando o autor deixa de lado a sociedade que criou e passa a focar somente no romance. Claro que aqui também tem um romance, mas é muito mais focado nas complicações na vida de alguém que foi julgada Imperfeita. Quero a continuação logo.

Me conta se já leu esse livro e se gostou tanto quanto eu. Me indica distopias bacanas, adoro livros do gênero e estou sempre buscando novos títulos. Um beijo e até a próxima.



2 comentários:

  1. Oi Lary, td bem?
    Tbm adoro distopias, mas n cheguei a ler essa, vc consegui me empolgar! E eu até já li outro livro da autora, ela escreve bem!
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Carol
      Eu achei esse realmente incrível. Adorei cada momento da leitura e fiquei pensando como seria viver em um mundo assim, e sonhei com tudo e agora estou implorando mentalmente que a editora traga a continuação para o Brasil.
      Beijo

      Excluir

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