08 agosto 2015

Entrevistando o autor - Simone Taietti

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Neste sábado não vou fazer a apresentação de nenhum novo parceiro, infelizmente, mas vou fazer algo tão legal quanto. Hoje é dia de Entrevistando o Autor, com a linda Simone Taietti. Quer conferir coisas sobre a obra dela e sobre sua vida de escritora? Continue lendo e se emocione comigo.


Primeiro, gostaria de agradecer por responder as perguntas.
Eu que agradeço por esta deliciosa oportunidade, Lary!

Sobre a obra

“Uma vida para sempre” é um sick lit muito emocionante. Já o compararam com alguma outra obra?
R: Sim, comumente é comparada ao romance de John Green, “A Culpa é das Estrelas, acredito que principalmente por pertencerem ao mesmo subgênero.

Você teve que estudar muito sobre CIPA para escrever a obra? Como foi esse processo
R: Fiz muitas pesquisas, não apenas quanto à CIPA, mas também em relação à Leucemia. Empenhei-me bastante em ambas as pesquisas, mas a diferença é que a CIPA é uma doença rara, cujas documentações médicas são bastante escassas, isso dificultou um pouco, mas de qualquer forma aprendi muito com todo este estudo.

Conhece alguém que possuí essa condição? Conte como é mais ou menos o dia a dia dessa pessoa.
R: Não conheço ninguém. Baseei-me, sobretudo nas características que encontrei na literatura médica, em um artigo mais especificamente que inclusive cito, exaltando os créditos, em uma parte livro, bem como em algumas reportagens retratando o dia-a-dia dos pacientes. Há pouquíssimos casos no Brasil. Lembro-me de um garoto que se não me engano mora em Brasília, sobre o qual li uma reportagem. E também de dois irmãos, ambos portadores de CIPA, cujo cotidiano foi retratado em uma matéria veiculada pela TV Record. Ademais, também me baseei nos episódios dos seriados Grey´s Anatomy e House, que dedicaram um episódio cada contendo personagens com esta condição. Tentei ser o mais verossímil possível ao retratar o dia-a-dia, em relação a fisioterapia a que muitos precisam se submeter, bem como a todos os cuidados e dificuldades que enfrentam.

Como foi a escolha de sua cidade natal para o ambiente principal da estória? Isso facilitou ou dificultou o processo de escrita?
R: Salvo engano, foi Tolstói quem disse “canta tua aldeia e serás universal”. Não que acredite que minha história tornar-se-á, de fato, universal, mas de qualquer modo, gosto da ideia de levar o nome da minha cidade, ainda mais sendo pequena e interiorana como é, ao conhecimento de pessoas dos mais variados cantos do Brasil, onde esta história possa chegar. Acredito que esta escolha tenha ajudado, pois é muito mais fácil escrever sobre aquilo a que já se está habituado.

Você criou personagens secundários de suma importância para a obra e não vemos isso muito. Foi difícil conseguir fazer isso?
R: Uma das coisas com que mais me preocupei desde o início da concepção desta obra foi justamente com a construção da personalidade dos personagens. Tinha a grande missão de torna-los, sobretudo, humanos e imprimir em cada um uma personalidade diversa e consistente, que fosse marcante aos olhos dos leitores. Quanto à participação de cada personagem na trama, foi algo que fluiu mais naturalmente. Conforme a história tomava forma, os personagens iam se encaixando. Gosto da ideia de dar o devido espaço a cada um e já no começo tive vontade de deixar que cada capítulo fosse contado por cada personagem. Ao pensar melhor quanto à formação da história, resolvi delegar tal função apenas à Ethel, personagem principal, afinal de contas, concedi a ela creio que a personalidade mais marcante, a indagação em sua essência, o grande ponto de interrogação que ela mesma representa. Mas, é claro, que os personagens tiveram voz durante toda a trama e mais ainda ao final, quando cada um narrou um pouco do que se passava.

O final de sua obra é bastante surpreendente. Você recebe muitos comentários de leitores dizendo isso ou até mesmo reclamando sobre o desfecho? Como lida com isso?
R: Nossa, essa é uma grande questão. Primeiro porque enquanto escrevia tinha em mente três possíveis finais e esse foi um dos meus maiores dilemas. Tanto que decidi apenas na prorrogação do segundo tempo, (risos). E, sim, recebo inúmeros recados de leitores falando sobre isso. Alguns se dizem chocados, outros completamente atônitos, outros tristes, enfim, uma grande miscelânea de sentimentos. Mas, o que é quase unanimidade, é que os leitores querem me bater, (risos). A indignação, de fato, é grande. E o que mais gosto é que a maioria se diz completamente surpresa, pois estavam encaminhando-se para as últimas páginas com uma certeza e ai, no finalzinho, algo inesperado ocorre. Adoro os comentários, todos, sem exceção, mesmo quando prometem me dar uma surra quando me encontrarem na rua, (risos).

Já recebeu alguma crítica negativa? Como foi?
R: Quanto à “negatividade/rejeição” havia lido apenas comentários do tipo: “esse tipo de drama não é um estilo que gosto de ler”, algo assim, sabe?! Mas não considero isso negativo, é questão de gosto. O primeiro comentário negativo de uma leitora li há uns dois dias. Ela atribuiu apenas uma estrela ao livro no Skoob. Mas, gostei do fato de ela ter escrito a respeito e relatado seus motivos. Dentre outras coisas, apontou o fato de Ethel ser chata e parecer que engoliu um dicionário (eu ri com isso), e que o livro desde o início deveria ter sido contado pelos outros personagens, como foi no final, e não apenas pela Ethel. Sinceramente, nem achei tão negativo assim, gostei da questão do dicionário, porque no meu ponto de vista isso quer dizer que o livro está bem escrito, com pleno gozo de nossa boa e velha Língua Portuguesa, certo?! (risos). Mas lido super bem com isso sim, agradeci à leitora pelos seus comentários, inclusive. Creio que viver neste mundo é suportável tão somente pela divergência de opiniões, o que parece bom para mim pode não ser para você e vice-versa. Seria um verdadeiro saco se tivéssemos todos os mesmos gostos, não é mesmo?! A única coisa que não aceito é que as pessoas falem sobre algo que não leram. Se leu o livro e não gostou, ótimo. Aceito sua opinião com o maior prazer. Agora, não leu e o está pré-julgando? Para mim isso é tolice, pois ninguém pode falar com propriedade sobre algo que é alheio ao seu conhecimento. E não falo isso apenas em relação à minha obra, mas a toda e qualquer existente.

Sobre a vida de escritora

Qual é a maior dificuldade de um autor nacional hoje em dia?
R: Sem dúvidas é a busca por um lugar ao sol, levando em consideração o pouquíssimo incentivo que possuímos, tanto por parte das políticas públicas, quanto do próprio público, dos leitores em si. Algumas pessoas, assim como você, Lary, muitos outros blogueiros e uma legião de leitores, dão muito valor ao nosso trabalho, mas o preconceito ainda é grande e a maioria acredita que não há qualidade em obras brasileiras. Infelizmente, esta é uma grande realidade. Mas com perseverança lutamos para desmistificar essa ideia. (parênteses aqui pra dizer que fiquei emocionada com a resposta. Eu tento apenas fazer minha parte como comunicadora e disseminadora de ideias)

Você pagou para ter sua obra publicada por uma grande editora. A seu ver, vale a pena esse investimento?
R: Sim, paguei. A questão do retorno ou ressarcimento é bastante relativa. Se estamos falando do ponto de vista econômico, não é algo que se faça para auferir grande lucro, até porque é um perrengue danado fazer os livros circularem, bem como o dinheiro. Agora, do ponto de vista emocional, cada recado que recebo de leitores de todas as partes do Brasil valem muitíssimo mais do que todo o montante que investi para publicar este livro. Sem hipocrisia, esse carinho definitivamente não tem preço e sou eternamente grata por isso!!

Você participou ativamente de todo o processo de publicação, como escolha da capa, revisão e diagramação? Como foi?
R: Participei sim. É claro que a editora conta com uma equipe especializada, mas eles deram muita atenção aos meus gostos. Em relação à revisão sempre proporcionaram-me a chance de conferir se queria acrescentar ou suprimir algo, me deixando bem à vontade. E quanto à escolha da capa, tenho orgulho de minha ideia das cores ter sido acatada e utilizada de forma tão harmoniosa. Já a arte, o desenho em si, foi totalmente ideia da equipe da editora, e eu adorei!

Como funciona seu processo de criação? As personagens surgem ou você tem que trabalhar muito para cria-las?
R: Tudo flui. Sempre me perguntam isso, principalmente meus amigos. Alguns ficam intrigados quando digo isso, mas trata-se da verdade, é algo que flui naturalmente. Obviamente, para se conseguir finalizar um livro é necessário empenhar vasto tempo à escrita, mas mais para montar as cenas mesmo, entretanto, esse tempo é quase que totalmente empenhado em razão da escrita mesmo. As cenas, participação de cada personagem e rumo da história vão se aclarando conforme as linhas vão sendo dispostas, não é algo que demande grande esquematização anterior, ao menos para mim.

Escreve ouvindo músicas ou prefere o silêncio?
R: Concentro-me facilmente e não necessito de absoluto silêncio para escrever. Confesso que não tenho o hábito de ouvir música escrevendo. Isso aconteceu em raras vezes, não necessariamente porque é algo que me atrapalha, apenas não tenho este hábito mesmo. Já escrevi em locais lotados. Até mesmo na sala de aula, se não me engano, na quarta fase da faculdade. Não conseguia concentrar-me na explicação da professora, pois pensava apenas que queria dar um desfecho à cena que ficara pela metade. Apanhei o notebook e me pus a escrever ali enquanto a professora explicava e outros tantos alunos conversavam (risos). Mas a maior parte dos meus escritos, nestes oito anos desde a descoberta deste amor incondicional pelas palavras, foi concebida no silêncio do meu quarto. Possuo uma relação muito íntima com a solidão. Acredito que ela pode ser ruim quando em excesso, mas é essencial na medida certa, nos permitindo conhecermo-nos melhor, refletir sobre tudo, bem como, a mim ao menos, já proporcionou muita inspiração.

Você possuí alguma outra profissão além da de escritora? Se sim, quando alguém pergunta sua profissão, o que responde?
R: Quando perguntam minha profissão não respondo que sou escritora. Não vejo a escrita como profissão. Claro que se um dia conseguir viver dela, ai sim terei o maior prazer em afirmar isso. Mas, de qualquer forma, a escrita sempre representará minha realização existencial, o que está muito além de auferir lucro ou depender dela minha subsistência. Estou cursando a oitava fase do curso de Direito e recentemente passei em um concurso para estagiar no Ministério Público, portanto, sou estagiária na Promotoria de Justiça da minha cidade, que é também Comarca.

Quando surgiu a vontade de escrever e como foi?
R: A paixão pela leitura vem de muito cedo, logo que aprendi a ler. Sentia um prazer indescritível ao estar na biblioteca. E o engraçado é que nunca tive um incentivo para tanto. Foi algo natural. Já pela escrita foi aos 12 anos, em uma aula de Língua Portuguesa e Literatura, quando na realização de um exercício descobri quão grande e especial é o prazer de emocionar as pessoas com as minhas palavras, encontrando ali minha forma de deixar uma marca no mundo. Nunca mais parei de escrever.

De todos os trechos lindos existentes na obra, qual seu favorito?
R: Tudo é muito especial, até porque releio alguns trechos e na grande maioria das vezes me lembro sob quais circunstâncias escrevi aquilo. Mas tem um que possui algo especial:
"- (...) Gabriel García Márquez escreveu algo como 'Tomei consciência de que a força invencível que impulsiona o mundo não são os amores felizes, mas os contrariados.' Acho que impulsionamos muito este mundo Ethel - ele disse e sorriu.
Esforçou-se ao máximo para esboçar aquele sorriso, sua marca, que sabia ser meu preferido e o que mais gostava nele. Aquela ponte de sonhos que permite o contato, aquela pequena imagem que poderia congelar o tempo. Era quase uma sensação de dever cumprido.
Sorri também, oferecendo a ele o meu melhor, porque era isto o que fazíamos sempre."  (p. 316)

Obrigada por responder. Deixe um recado para as pessoas que desejam se tornar escritores.
R: Lary, quem agradece, mais uma vez, sou eu! Amei receber estas perguntas e poder compartilhar um pouco dos “bastidores” tanto em relação a Uma Vida Para Sempre, quanto em relação a esta que vos fala, hehe. Agradeço por todo o carinho!! Um grande beijo a você e a todos os leitores do blog!! <3 p="">

Espero que tenham gostado dessa pequena entrevista. Eu fiquei emocionada e as vezes surpresa com as respostas da Simone. Quem ainda não conhece a obra Uma vida para sempre não sabe o que está perdendo. É um livro emocionante e que vai fazer você querer compartilhar a estória com todos. Neste momento, meu exemplar está com minha irmã, que já leu e gostou ;) Se quiser, clique aqui para conferir minha resenha.
Espero trazer muitas outras entrevistas aqui para vocês. Se tiver algum dos autores parceiros em especial que gostariam de ler uma entrevista ou fazer uma pergunta, me enviem que terei o maior prazer em adicioná-la na lista. Por hoje é isso. Um grande beijo e até a próxima.

4 comentários:

  1. Oi Lary, adorei a entrevista com a Simone. Li este livro e me apaixonei, é aquele tipo de leitura que você quer sempre reler e realmente me surpreendi muito com o final o que me deixou com gostinho de quero uma continuação.

    Beijos e uma ótima semana.
    http://cabinedeleitura1.blogspot.com.br/2015/08/resenha-aparencias.html

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    Respostas
    1. Oi Cami
      Me apaixonei com o livro também e quero ler tudo o mais que ela escrever. A escrita dela é incrível.
      Beijos

      Excluir
  2. não conhecia a autora, mas o livro parece ser muito bom!
    vou ver se encontro ele para ler!! ♥
    beeeijos,
    http://tudonodup.blogspot.com.br/

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