22 maio 2018

Queria bater um papo sobre As Sufragistas e feminismo

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Olá Amoras e Amores. Escrevo esse post dia 12 de maio, véspera do dia das mães. São quase dez horas da noite agora e, há alguns minutos, assisti o filme As Sufragistas e queria falar um pouco sobre ele.
Vamos lá. O filme conta a história real de mulheres britânicas no início do século XX e sua luta pelo direito ao voto. Moud, nossa protagonista, não tem nenhuma ligação com política. Sempre foi uma lavadeira, inferiorizada por todos os homens e nunca questionou o seu papel nessa sociedade. Acho que é exatamente isso que torna o filme tão incrível. Se ele fosse contado de outro ponto de vista, talvez não teria sido tão impactante.
Bom, eu não quero muito falar sobre o filme para não dar spoilers. Eu chorei em alguns trechos dele. Tipo, em caso do marido não aceitar mais a esposa em sua casa (sim, eles podiam fazer isso sem dar satisfação pra ninguém) ela perdia o direito até mesmo de ver seus filhos. Esse é quase que o maior marco da Moud nessa obra. Quando lhe tiram o direito de ver seu filho, ela passa a se identificar como uma Sufragista. Eu não tenho ideia de como seria estar no lugar dela, mas tenho certeza que eu faria qualquer coisa pra ter o direito de ver e ficar com meu filho.
Bom, como eu disse ali em cima, Moud sempre foi uma lavadeira. Sempre trabalhou. E isso trouxe um assunto que eu já queria falar aqui tem um tempo e estou aproveitando a deixa. Durante a Revolução Industrial, a mulher adquiriu o "direito" de trabalhar. Coloquei entre aspas porque foi quase que obrigatório que as mulheres passassem a trabalhar se elas não quisessem ver sua família passando fome. Mas não era bem isso que eu queria falar. Deixa eu ver se consigo explicar melhor.
Vamos pensar nos dias de hoje. Nós temos nosso direito a voto, de trabalhar, de frequentar escolas e ter a mesma educação que os homens, ao menos em tese era isso que era pra acontecer. Mas eu não sei se são direitos que estamos adquirindo ou se estamos acumulando cada vez mais obrigações. Eu acho que vou me confundir um pouco pra explicar meu ponto de vista, então peço que tenham paciência comigo e leiam até o final.
Hoje em dia, o que é cobrado de nós, mulheres? Que estudemos, tenhamos um curso superior. Que a gente arrume um bom emprego assim que terminar a faculdade. Mas ao mesmo tempo que temos que ter um bom emprego, temos que estar ao menos noivas até os 25 anos. Isso tudo sem parar um segundo de trabalhar e estudar pra se manter atualizada sobre o mercado. Mas ai você tem que estar casada e com pelo menos um filho antes dos 30. E, claro, você terá que cuidar dessa criança, que agora é sua obrigação. Sua e somente sua. Afinal, o pai "ajuda" de vez em quando a olhar e coloca comida na mesa (vamos parar de repetir que pai ajuda, pelo amor de Deus. Pai cria. Pai é pai, não é babá). Mas nem pense em parar de trabalhar para cuidar da sua prole. Depois que ele fizer seis meses você tem que voltar pro seu emprego maravilhoso linda, bela, plena e se virar para cuidar do seu filho. E lembre-se que quando chegar em casa você terá que fazer os serviços domésticos, mas tem que dar atenção para seu filho que ficou o dia todo longe de você. E não se esqueça do seu marido. Você tem que sempre estar linda e pronta pra ele, porque se não ele arrumara outra e vai te largar com um filho pra criar pagando uma pensão vergonhosa que muitas pessoas chamam de luxo.
Conseguiram me entender? A gente pode trabalhar, mas fazemos jornadas duplas, triplas, quadruplas. Quando nos foi assegurado o direito ao trabalho, esqueceram de avisar os homens que eles também são responsáveis pelos filhos e pelas casas que eles habitam. E temos que fazer tudo isso om um sorriso no rosto. Ninguém pode perceber o quão cansadas estamos.
Eu não sou contra mulheres trabalharem, muito menos contra o feminismo. Eu me considero sim feminista. O meu ponto é: por que tanta cobrança em cima da gente para fazermos tudo sozinhas? Uma criança precisa de ao menos duas pessoas para ser feita, então por que somente uma tem que cuidar? Eu tô me fazendo entender?
Eu não faço ideia de como mães que trabalham fora se sentem, mas eu, que fico em casa com o Miguel o dia todo, 24 por 7, me sinto esgotada todo dia no final do dia, ás vezes na metade dele já estou querendo deitar em posição fetal e chorar. É serviço da casa pra fazer (já reparam que serviço de casa nunca acaba? Sempre tem alguma coisa que precisa ser feita), criança pra cuidar e entreter, vida social pra manter (porque você tem que ter uma vida social pra não enlouquecer), marido pra agradar, compras a fazer... Agora some a isso um trabalho desgastante, horas na condução para chegar e voltar do trabalho, ouvir desaforo de colega de trabalho, de chefe, levar cantada de estranhos na rua, morrer de medo ao voltar pra casa sozinha a noite... É muita coisa que foram jogando nas nossas costas e nós temos que ir carregando. E temos que carregar felizes pra caramba, porque agora temos os nosso direitos garantidos, então não reclame nunca, agradeça.
Esse é, provavelmente, o texto mais louco e confuso que já escrevi, mas eu precisava escrever ele ou ia me sufocar e eu ia morrer com ele entalado no meu peito. Eu realmente espero que tenham me entendido e que vejam esse filme. Assistam, reflitam sobre ele e vamos, aos poucos, fazer com que as coisas melhores. Empresas e universidades, tenham uma creche para que as mães possam deixar seus filhos enquanto estudam/trabalham. É complicado, eu sei, mas não é impossível. Se em uma entrevista de emprego lhe perguntarem se você tem filhos, responda: "Por quê? Vocês tem plano de saúde? Auxilio creche?" Ter filhos não é algo que tem que estar no seu currículo. Homens, respeitem as mulheres que fazem parte da sua vida, não porque você gostaria que o fizessem a sua mãe/esposa/filha, mas porque também somos seres humanos e merecemos respeito.
Ah, antes que eu me esqueça, uma coisa que achei bem curioso no filme é que essa luta pro direito ao voto envolvia somente mulheres brancas. As mulheres negras ainda lutavam pelo direito a sua liberdade, pois mesmo após o "fim da escravidão" muitas ainda trabalhavam em situações desumanas. Mas como eu sempre digo, eu não sou negra e não tenho embasamento nenhum pra falar sobre isso, mas é nosso dever pesquisar sobre isso e sempre apoiar todas as mulheres, independente de raça ou credo.
Se você conseguir entender esse texto, por favor, faz um resumo menos confuso pra mim. Sério mesmo kkkkk. Me conta a sua experiência com o feminismo e o que você acha desse movimento. Conversa comigo. Se já viu o filme, me conta o que achou dele. Se ainda não viu, aproveita que ele está disponível na Netflix e assista. Mostra pro máximo possível de pessoas. Acredito que as coisas podem ser resolvidas no diálogo, basta que as pessoas entendam o motivo da luta.
Um assunto mais sério hoje. De vez em quando gosto de falar de coisas que precisam ser ditas. Um beijo grande de brigadeiro a todos e até a próxima.



4 comentários:

  1. mt bacana seu post! já vi o filme e gostei demais,e acho o movimento feminista extremamente importante, já conquistamos muito, mas ainda temos muitos direitos atras dos homens, te recomendo um filme, tbm do netflix, chamado não sou um homem fácil que fala um pouco sobre a inversão de papeis, da mt oq pensar...

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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    1. Oi Lívia
      Eu vi a sua recomendação aqui e assisti o filme. Menina estou impactada.

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  2. Eu concordo plenamente com você! Junto com os direitos que ganhamos, vieram também as pressões. Eu não tenho filhos e já me sinto carregada de responsabilidades, imagino quem tem uma família com vários membros para dar atenção e mais ainda com um emprego integral.
    Eu assisti ao filme, e até comentei sobre ele no post "Ultimos filmes assistidos #6" lá no blog, e minha maior dor no coração com o enredo do filme, foram as cenas que envolviam abuso sexual e mães longe dos seus filhos.
    Eu consegui entender seu ponto de vista e achei o seu post muito necessário.
    Beijo, www.apenasleiteepimenta.com.br

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    1. Oi Leslie
      Fico feliz que meu post tenha sido entendido por alguém. Ele me pegou desprevenida falando de todos esses temas tão complicados e importantes... Um baita filme.
      Beijo

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